segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Minha escola americana


Bom, o tema do post de hoje é um assunto que esperei até o último dia de aula para poder escrever sobre. E como o meu semestre já acabou, achei que agora seria a hora ideal para compartilhar sobre escolas americanas com vocês.
Como eu sempre digo, não são todas as escolas dos Estados Unidos que são assim, então vou me espelhar na que estudei durante esse tempo.
Antes de vir para os Estados Unidos eu me preocupava muito em como me sairia na escola americana, pois para quem não sabe, sempre fui uma aluna mediana e ralava muito para estar na média. Então chegava a ficar louca quando pensava que teria que aprender matérias que não tenho facilidade e ainda mais em outra língua.
Porém, me surpreendi e acabei achando bem tranquilo no final. É claro que dei uma escapadinha nas matérias que tenho dificuldade, já que tive a liberdade de escolher qual aulas iria assistir. Química, física e história não entraram na minha listinha. Sorry professores do Brasil, mas vocês sabem que entrei de cabeça nos livros para poder passar nas suas matérias todos esses anos. 
Mas é claro que a vida não é tão fácil como queremos e tive que escolher aulas de humanas que não era muito boa, como anatomia por exemplo. 
No segundo dia de aula tivemos um teste, obviamente não valeu para a nota, já que nem matéria nós tínhamos visto ainda, só que a desesperada aqui surtou e ficou nervosa. Cheguei na prova não sabendo nada e me arrependendo de ter feito essa escolha de estudar fora. Na prova tinham 25 questões e vocês querem saber quantas acertei?? Consegui acertar 9, fiquei feliz que não zerei a prova, porém isso só me deixou mais angustiada com as futuras provas que iria ter.
Mal sabia eu que iria ser tranquilo.
Vou explicar porque achei mais fácil as escolas daqui do que no Brasil e porque estou preferindo a metodologia americana.

PROVAS 
No Brasil nós precisamos aprender 4 ou mais capítulos para fazer uma prova, e normalmente estudamos para duas ou mais provas no mesmo dia e isso acaba sobrecarregando os alunos e nos fazendo escolher qual matéria nós temos mais dificuldade ou precisamos de mais nota para focar 100% nos estudos, o que acaba muitas vezes prejudicando o nosso desempenho na segunda prova do dia. Já na escola americana (ou pelo menos na que estudei) nós aprendemos um capítulo em uma semana ou mais, dependendo do tamanho do capítulo e no fim dessas semanas nós temos a prova dessa unidade, o que é muito interessante, pois faz o aluno ter mais tempo de se focar em uma coisa só e aprender mais sobre o conteúdo. E muitas vezes por conta dos capítulos não serem tão longos, os professores não precisavam correr com o conteúdo e sobra uma aula para tirar dúvidas e estudar para a prova no dia seguinte. Além das provas no final do capítulo, alguns professores gostam de fazer testinhos durante a semana para ver como os alunos estão indo no conteúdo e normalmente eles avisam antes que vão aplicar esses testes só para os alunos darem uma estudada e a nota desses testes entra junto com as lições e tudo mais. 
Outra coisa que queria acrescentar é que todas as minhas provas, menos matemática, foram de múltipla escolha, o que facilitou a minha vida de estudante internacional, pois caso não soubesse o que estavam pedindo, eu conseguia dar aquela chutada bacana. Mas por exemplo na minha aula de anatomia nós tínhamos uma pergunta para escrever, só que a professora dava algumas dicas de possíveis perguntas e nós tínhamos que estudar.


NOTAS
Outra coisa que acho bacana do sistema daqui é que os professores consideram muito a sua participação na aula, as suas lições, trabalhos e isso pesa bastante para a nota. Por exemplo se você é um aluno nota B+, só por conta do seus trabalhos e lições você consegue transformar sua nota para um A. E isso é demais, pois mostra que nem tudo é a base de um teste, muitas vezes o estudante fica nervoso e acaba não tendo um desempenho bom e esse foi o método que os americanos encontraram para os alunos mostrarem que sabem o conteúdo. 
Eu sei que os meus amigos da minha escola antiga devem estar se perguntando: “Bruna a nossa escola era assim, porque você só está bajulando os Estados Unidos?” e a minha resposta é que nós tivemos sorte de estudar em uma escola que entende que o aluno é muito mais do que uma nota em um teste, porém muitas escolas do Brasil não são assim e por conta disso quis compartilhar esse método aqui no blog.

TIRANDO DÚVIDAS COM OS PROFESSORES 
Como já devo ter contado para vocês em outros posts, o horário de aula nunca muda, todos os dias nós temos as mesmas aulas nos mesmos horários, durante um semestre e dentro do nosso horário nós temos duas aulas “vagas”, uma delas chama Study Hall onde o aluno pode relaxar, ler ou estudar e a outra é Advisory que não serve para muita coisa e dura apenas 30 minutos, porém uma coisa boa dessa “aula” é que podemos pedir um passe para ir em outra sala para tirar dúvidas com algum professor, caso nós estejamos com dificuldade em alguma matéria. Fui muitas vezes durante o meu tempo em Advisory tirar dúvidas de matemática e isso me ajudou muito. Está aí outra coisa que não é comum de se ver em escolas brasileiras, professores disponíveis todos os dias durante 30 minutos para tirar as suas dúvidas, é mais comum um “plantão de dúvidas” uma semana antes da prova. 

TRABALHOS
Os trabalhos que tive aqui foram iguais os do Brasil, nós escolhíamos o tema ou o professor escolhia por nós, fazíamos a pesquisa e apresentávamos para sala com slides. Se você é uma pessoa que não gosta de apresentar trabalhos, se prepara, pois tem muitas chances de você acabar como eu e ter que apresentar 4 trabalhos em apenas 5 meses. 
No final, me saí muito bem, porém tenho vantagem pelo fato de amar apresentar trabalhos e estar na frente da sala com todos prestando atenção no que estou falando. E gente desencana, vai rolar erro de inglês sim! Mas os americanos não vão nem se importar, pois eles vão pensar que você é muito corajoso de estar ali de pé, sozinho, na frente de todos, explicando um tópico em outra língua e no final eles vão até te elogiar pela coragem que nem eles teriam. Porém, não tive nenhum trabalho escrito.

FINAL DO SEMESTRE
E por fim, a semana das provas finais, que me descabelou, me deixou ligada nos 220 e mal me deixou dormir. Bom, essa semana é quando nós temos as últimas provas do semestre, que cai o conteúdo todo que aprendemos durante esses 5 meses. Até os horários mudam no dia das finais, na minha escola foram dois dias de finais, onde você pode acabar tendo 3 provas no mesmo dia ou apenas uma, tudo depende de quais aulas você está tendo. Porém os professores dão muito suporte e revisões para conseguirmos tirar uma nota razoável, e o melhor de tudo é que essas provas finais não tem um peso tão grande na sua nota e elas servem exatamente para mostrar para os professores se os alunos conseguiram aprender alguma coisa durante o semestre. Como o peso não é grande, os professores pode escolher se eles querem dar esse super teste ou não e se a resposta deles é não eles passam trabalhos ou redações, o que na minha opinião chega a ser mais tranquilo. 

SOMA DAS NOTAS
Vou ser bem sincera com vocês, estudei durante 5 meses nessa escola e ainda não entendi como a soma de notas funcionam, então me perdoem por não conseguir explicar isso para vocês. A única coisa que sei é que as provas do final de capítulo tem um peso maior e lições, trabalhos e testinhos tem um peso menor, então já sabemos que precisamos dar o máximo da gente nas provas e não deixar de fazer o resto para não perder ponto por bobeira. Desculpa é muito difícil de acompanhar, pois cada professor tem a sua forma de somar a nota.
E uma dica que posso dar para as pessoas que querem fazer intercâmbio é que mesmo que você não entenda como funciona a soma da sua escola (como eu), espere um A na sua nota e se tiver menos que isso, você reclama para saber porquê da nota não ser A. HAHAHAH

Por fim queria dizer que além da metodologia de provas serem diferentes, o resto é bem parecido, como qualquer escola em qualquer lugar. Senti que a escola americana era mais fácil, porém foi como disse aqui, eles não se apegam as notas que nós tiramos nas provas, é claro que elas são importantes, porém não são tudo e me identifiquei muito mais com a escola americana do que um dia me identifiquei com a brasileira. Porém, isso vai de pessoa e cada um se identifica com o que acha que é melhor para si. 
Nada é perfeito e sei que se passasse a vida toda estudando iria achar muitos defeitos que não pude achar em 5 meses e iria reclamar da escola como reclamo da minha no Brasil. Mas uma lição que aprendi é que quem faz a escola é o aluno e quem faz sua nota é você mesmo, basta parar de reclamar que o conteúdo é enorme ou difícil e estudar, que o resultado vai ser bom. E para vocês que tem medo da escola como eu, venham tranquilos, se esforcem que vai dar tudo certo, nós somos capazes de tudo.

E mais um ciclo da minha vida se completou, e a ficha ainda não caiu que não preciso mais ir para a escola, porém isso foi só o começo de uma coisa muito grande que ainda está for vir. Vou voltar para o Brasil com um futuro e uma vida inteira para ser vivida e o frio na barriga bate quando penso que não tenho controle de nada do que está para acontecer. 
Meu sonho era acabar a escola e finalmente poder entrar na faculdade, porém parecia ser um sonho muito distante e hoje estou aqui formada, da para acreditar??? O que posso fazer agora é viver um dia de cada vez, pois o tempo passa voando, logo mais vou piscar e estar com o meu emprego no The New York Times...Brincadeiras à parte, queria agradecer a todos os professores que passaram pela minha vida, que me ajudaram não só na escola, mas me ajudaram a me tornar a pessoa que sou hoje, mas principalmente por terem paciência comigo na escola e por sempre pegarem no meu pé dizendo que eu era capaz, bem mais do que acreditava e hoje sei que sou, graças a todos vocês! Meu sincero obrigada.

E que venha o futuro, que não vejo a hora de vivê-lo!!

PS: Tenho dois outros posts falando sobre escolas americanas em outros pontos de vistas e coisas que não falei aqui, então para quem quiser ler os links estão aqui:




XOXO, Bruna Galati

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